- Foto: Reprodução/Redes sociais
- 09 // Jan // 2020
- 15h49
A Polícia Militar do Piauí exonerou do cargo um comandante que defendeu, em áudio vazado, que seus comandados “descessem as cordas” de criminosos em confrontos. A polêmica envolvendo o coronel Edwaldo Viana Lima, 55, comandante da Polícia Militar de Picos, cidade a 306 km de Teresina, se deu após um empresário da cidade ser morto em tentativa de assalto. O próprio comandante fez a gravação e anunciou que estava “prestando contas”, pedindo para que os assaltantes fossem identificados. “Eu quero que eles reajam, eu sempre vou usar aquela minha frase, reagiu tem que descer as cordas”, afirmou, em áudio acessado pelo portal UOL. O coronel disse, ainda, que as “leis beneficiam a bandidagem” e defendeu a morte deles. “Minha equipe só vai parar quando pegar eles vivos ou mortos, porque bandidos dessa característica, covardes, não têm condições de serem pegos vivos”, apontou. Descer as cordas é uma gíria policial relacionado ao fato de que ao enterrar uma pessoa, muitos cemitérios usam cordas para descerem os corpos na sepultura. Após a divulgação do áudio, o comando da Polícia Militar determinou a exoneração de Viana. Ao tomar conhecimento do seu afastamento, na última terça-feira (7), o coronel gravou um áudio em tom de desabafo, atribuindo sua exoneração a “forças políticas”. Ao UOL, Viana disse ter se surpreendido com a exoneração e ressaltou ter feito as afirmações no calor dos acontecimentos. O oficial afirmou que vai entregar o cargo hoje na sede da PM em Teresina. “A população é que vai julgar. Sou contra tortura, nunca torturei ninguém, mas defendo que em combate é preciso descer as cordas”, disse. O coronel afirmou ter sido convidado para assumir um batalhão na capital piauiense, mas afirmou não ter aceitado – ele confirmou ao UOL que pediu licença especial de seis meses e que será pré-candidato a prefeito em Picos, ainda sem partido definido. O comandante da Polícia Militar do Piauí, coronel Lindomar Castilho, disse que o afastamento de Viana faz parte de um rodízio no cargo. “A mudança de comando faz parte de nossa carreira. Há uma estratégia de estar sempre mexendo com os comandos para dar condições que outros possam comandar”. Ao ser questionado sobre a polêmica do áudio, Lindomar avaliou que as declarações de Viana foram no calor da emoção, mas defendeu que a PM não é para “descer as cordas” ou fazer justiça com as próprias mãos.