- Foto: Vinícius Loures/ Câmara dos Deputados
- 25 // Mar // 2020
- 19h06
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, confirmou que continua no Ministério da Saúde. Desde a noite de terça-feira (24), fala-se sobre a possibilidade de ele deixar o cargo em razão do pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, no qual questionou a quarentena e disse que coronavírus era uma “gripezinha”. Em coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira (25), Mandetta afirmou que só sairá do ministério se o presidente achar que ele não deve trabalhar, se estiver doente ou se perceber que não é mais útil depois de passado o período de turbulência. O ministro ainda afirmou que toda a equipe está focada em trabalhar com técnica, com base em três eixos: ciência, atenção/monitoramento e operacional. “Vamos trabalhar com critério técnico. Queremos que a gente repasse estruturas que têm que ser feitas por um comitê mais alargado. Esse comitê vai achar grande soluções pra economia, pra logística, pra cultural, pra uma série de atividades que são essenciais na vida da gente”, acrescentou Mandetta. O ministro reforçou que todos da equipe sabem a gravidade do novo coronavírus, bem como quais ações devem ser tomadas e como devem ser informadas à população. Uma dessas medidas é a quarentena, tomada quando existe em circulação na sociedade uma doença infecciosa de fácil transmissão, para a qual não temos ainda sistema imunológico e que incorre em consequências de letalidade ou intenso uso paralelo do sistema de saúde.
Quarentena desorganizada
No caso particular da quarentena, Mandetta criticou a forma como os governadores e prefeitos implementaram a medida. O “remédio extremamente amargo” que é a quarentena precisa ser usado com organização, sabendo quando iniciar, quando terminar e que patamar se quer atingir com a medida. Em tom diplomático, o ministro pareceu tentar reduzir os danos causados pelo pronunciamento do presidente, mas sem perder de vista o que chama de “foco na vida”. “Vamos focar na vida durante todo esse tempo. Não vamos perder o foco que já construímos, o foco da proteção à vida”, disse Mandetta. Em seguida, emendou: “Todas as situações, quando vai-se fazer procedimento desse, têm que estar muito bem pactuadas. Tem países que trabalham por cores e vai trabalhando com vias abertas pra aquele pessoal poder andar. Vai-se trabalhando de maneira coletiva, onde se coloca começar dia tal e terminar dia tal. Quarentena sem prazo pra terminar vira parede na vida das pessoas, que precisam comer, ir no supermercado, ir e vir, porque isso faz parte da sobrevivência”. O ministro da Saúde destacou que as questões econômicas são “importantíssimas”, e por isso é preciso fazer “de maneira organizada”. De acordo com Mandetta, foi proposto aos governadores uma proposta unificada, para que todos saibam o que vai acontecer em cada momento, conforme a realidade de cada estado.