Para Vera Lúcia, ser a primeira mulher negra indicada para a lista do TSE apesar de representar avanços, também representa um peso para quem vive a situação. "Tem essa historia de ser o inusitado, mas enquanto uma mulher negra estiver nessa posição de única e primeira é um passo, mas também é um fardo muito pesado. E isso pesa. A minha luta por cidadania coletiva e por inclusão é que a gente tenha isso como rotina. Ninguém se surpreende com brancos ocupando qualquer lugar. O próprio TSE tem homens e mulheres brancos. Então, já tendo mulheres, o inusitado é ser negra. Isso é algo que precisará ser trilhado por gerações", diz. Vera Lúcia ainda faz críticas ao tratamento do judiciário brasileiro em relação à população negra. "Temos um judiciário que faz uma prestação distinta para brancos e negros. No nosso país, há menos direitos quanto se trata das pessoas negras", defende a advogada. Apesar de viver em Brasília desde os 18 anos, Vera Lúcia faz questão de levar a Bahia onde quer que vá. Seu lugar de nascimento é motivo de orgulho em sua trajetória. "A Bahia é minha base, minha raiz. A minha mãe tem 92 anos é um professora reconhecida em Vitória da Conquista (no sudoeste da Bahia), como uma formadora de gerações. A Bahia tem muito da minha identidade. Embora minha vida profissional tenha sida feita em Brasília, a Bahia o que me deu lastro, me dá ancestralidade. As famílias negras têm essa tradição do mais velho puxar o outro, e quando eu saí da Bahia foi assim, minha irmã mais velha vivia em Brasília, e me trouxe, mas a Bahia é minha raiz", conta. Na expectativa da decisão do STF, que nesta quarta (4) define os três nomes que serão indicados ao presidente Jair Bolsonaro para que este indique um novo ministro do TSE, Vera Lúcia é integrante do Prerrogativas e, nas redes sociais demostra posicionamento crítico a ações do governo federal. Ela acredita que isso não será impedimento na escolha do presidente da República, caso seu nome figure na lista final do STF. "O ministro Fachin fez uma ação pioneira, com uma lista ampla, que era de 20 nomes, passou para quatro e será finalizada com três. Então, quero acreditar que, dentro da necessária harmonia entre poderes, a lista dos três nomes será respeita dentro do marco da Constituição, e o presidente escolherá um dos nomes referendados pelo STF, sem que nenhum elemento de natureza política interfira", disse.