- Foto: Antonio Cruz/ ABr
- 17 // Ago // 2020
- 10h39
As acusações feitas pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci foram baseadas em pesquisas de internet. A constatação é da Polícia Federal, que encerrou inquérito sobre um caixa milionário de propinas para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que seria administrado pelo banqueiro André Esteves, do BTG. De acordo com informações da coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, que teve as informações com exclusividade, o delegado Marcelo Daher encerrou as investigações sem indicar os acusados, porque não houve provas. Todas foram desmentidas pela investigação, inclusive depoimentos de testemunhas e de delatores que incriminaram o PT em outros processos. “As notícias jornalísticas, embora suficientes para iniciar o inquérito policial, parece que não foram corroboradas pelas provas produzidas, no sentido de dar continuidade à persecução penal”, disse o delegado. O resultado do inquérito foi encaminhado ao Ministério Público Federal. A delação de Palocci homologada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, indicava que André Esteves passou a movimentar e ocultar valores recebidos por Lula, a título de corrupção e caixa dois, a partir de fevereiro de 2011. O banqueiro da BTG teria depositado inicialmente R$ 10 milhões para garantir influência no governo. Em troca, receberia informações privilegiadas do Banco Central sobre taxas de juros. Ainda segundo Palocci, o esquema bolado em 2009 teria sido colocado em prática em agosto de 2011. Na ocasião, Guido Mantega teria avisado a Esteves que o Comitê de Política Monetária (Copom) baixaria abruptamente a taxa de juros Selic em 1º de setembro. Com isso, Esteves teria atuado para que o Fundo Bintang tivesse lucros de aproximadamente 400% ao ano. Parte dos ganhos teria sido destinado a Lula. Conforme informações da coluna de Mônica Bergamo, a Polícia Federal relata que fez operações de busca e apreensão, com quebra de sigilo do Fundo Bintang. Análises técnicas indicaram que, apesar do lucro no mês apontado por Palocci, não houve ganhos em outras operações feitas com base em decisões do Copom. Palocci também disse em depoimento que André Esteves queria administrar em seu banco R$ 300 milhões de propinas que seriam dadas ao PT pela Odebrecht. Marcelo Odebrecht afirmou à PF que André Esteves nunca administrou os recursos de propinas pagas pela empreiteira ao partido, nem teria comentado nada sobre contas que administraria. André Esteves negou as acusações sobre administrar recursos para Lula; disse que o BTG não teria nenhuma ingerência sobre o Fundo Bintang, já que é gerido por um único cotista, Marcelo Augusto Lustoza de Souza. Ele também negou conhecer Esteves.