• Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil/Arquivo
  • 05 // Set // 2023
  • 12h00

Mortes em excesso no Brasil ainda está acima do esperado três anos após início da pandemia

Três anos após o início da pandemia de Covid-19, o Brasil continua a enfrentar um cenário preocupante em relação às mortes em excesso. Apesar da diminuição do número, a taxa de mortalidade ainda está acima do esperado. Segundo dados até março de 2023, o país registrou aproximadamente 48 mil mortes a mais do que o esperado, uma elevação de 18%. No auge da pandemia, em abril de 2021, esse número chegou a 80% na região Norte. “O excesso de mortes foi realmente causado por Covid”, afirma Fátima Marinho, epidemiologista e consultora sênior da Vital Strategies. Ela ressalta que outras causas de morte, como câncer e doenças cardiovasculares, tiveram uma queda durante o período pandêmico. Outras condições de saúde como diabetes, que são agravadas pela Covid-19, também registraram aumento na taxa de mortalidade. O painel de excesso de mortalidade é um recurso crucial desenvolvido pelo Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), em parceria com a Vital Strategies e a Arpen-Brasil. Ele tem ajudado as autoridades a entenderem o impacto real da Covid-19 na mortalidade. No entanto, alguns especialistas criticam a metodologia utilizada para calcular o excesso de mortes. Paulo Lotufo, epidemiologista e professor da USP, aponta para a má qualidade dos atestados de óbito como um problema não resolvido. Nereu Henrique Mansano, assessor técnico do Conass, reitera que ainda são registradas cerca de 150 mortes por semana no país, um número que deveria ser motivo para preocupação. Segundo dados até agosto, apenas 11,4% das crianças de até cinco anos foram completamente imunizadas, e a vacinação com a bivalente está em 13% para adultos. Especialistas alertam para o risco de novas infecções e hospitalizações graves, especialmente com a circulação de novas variantes. O cenário sugere a necessidade de uma maior cobertura vacinal e de medidas para combater a Covid-19 e outras causas que contribuem para o excesso de mortalidade. A questão torna-se ainda mais urgente quando consideramos o legado de pessoas com sequelas da doença e a falta de assistência médica durante a pandemia. “Temos que pensar que deixamos um legado de pessoas doentes. A resposta humoral [de anticorpos] acaba reduzindo depois de um tempo, por isso a importância do reforço”, conclui Marinho.



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