O Brasil registrou em 2023 o maior número de denúncias de trabalho escravo e situações análogas na história do país, segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, com 3.422 denúncias protocoladas em 12 meses. Esse número representa um aumento de 61% em comparação a 2022 e é o mais alto desde a criação do Disque 100 em 2011. As denúncias de trabalho análogo à escravidão corresponderam a 19% do total de violações de direitos humanos relatadas ao serviço. De acordo com o Código Penal, trabalho análogo à escravidão é caracterizado pela submissão a trabalhos forçados, jornada exaustiva, condições degradantes de trabalho, ou restrição de locomoção devido a dívidas com o empregador. O país tem observado um aumento contínuo dessas denúncias desde 2021. O Ministério do Trabalho e Emprego também reportou que o número de pessoas resgatadas em situação análoga à escravidão foi o maior dos últimos 14 anos, com 3.151 trabalhadores resgatados em 2023. As dívidas rescisórias dos empregadores com esses trabalhadores somaram cerca de R$ 12,4 milhões. A região Sudeste teve o maior número de resgates, seguida pelo Centro-Oeste. Até dezembro de 2023, os estados com mais resgates foram Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Piauí. Nas áreas rurais, as lavouras de café, cana-de-açúcar e atividades de apoio à agricultura lideraram em casos, enquanto nas áreas urbanas, as obras de urbanização tiveram mais resgates.